Detetives chegam a cobrar R$ 100 mil para atuar na política
Políticos e empresários pagam caro para ter gabinetes e escritórios vasculhados, em busca de grampos, escutas e câmeras ocultas. Ninguém está imune à ação dos arapongas
Uma intrincada rede de espionagem e contraespionagem opera no submundo do centro político do país. Câmeras, escutas, microfones ocultos e uma gama de equipamentos tecnológicos são usados em busca de informações confidenciais e também para impedir que dados sensíveis sejam captados e disseminados. Atualmente, em Brasília, ninguém está livre do risco de ter a vida devassada.
Profissionais em monitoramento falam sobre o tema com discrição e temor. “A maioria desses clientes tem telhado de vidro. Então, qualquer coisa que a gente comente gera dor de cabeça. E a corda sempre arrebenta para o nosso lado”, disse um dos três detetives ouvidos , conhecido por atender políticos importantes do Congresso Nacional.
Nas declarações, a maioria dos investigadores garante que age estritamente dentro da lei, sem uso de artimanhas proibidas, como escutas privadas e grampos telefônicos. No entanto, todos eles reconhecem que são procurados com frequência para esse tipo de serviço. Os detetives ouvidos nesta reportagem confirmaram, com convicção, que existe uma indústria voltada para a obtenção de dados confidenciais.
Num universo em que a informação vale muito, a investigação nem sempre mira adversários, conta um dos entrevistados. Em muitos casos, o alvo está dentro dos gabinetes, mas em outra função: aliados, funcionários e até correligionários. “É muito comum o cliente me procurar e querer saber se eles não estão levando informação para os outros, fazendo jogo duplo”, contou. Proteger alvos de espionagem e destruir equipamentos instalados fazem parte do dia a dia dos detetives. Não ser monitorado é outra preocupação constante para quem tem muito em jogo. Investigadores relatam que grande parte do trabalho consiste em fazer varreduras e buscar falhas de segurança em escritórios, carros e equipamentos dos clientes.
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